História
Não havendo documentos datados, recorreu-se ao relato dos factos por familiares dos fundadores e a alguns testemunhos escritos, embora pouco precisos. Ambos foram convergentes nos acontecimentos que aqui se apresentam com o pouco rigor que foi possível obter. Pede-se a quem ler e que disponha de informações adicionais ou que possa corrigir algum dos factos aqui narrados, que entre em contacto connosco para que possamos atualizar a informação.
Natural do lugar de Vilar, em Fiães, José da Silva, fundador da empresa Babysil, empresa destinada á fabricação de artigos têxteis de puericultura e decoração, desempenhou um papel de relevo na criação e desenvolvimento desta Escola de Música. Filho de António da Silva e de Rufina Soares de Jesus, nasceu em 1929, tendo casado aos seus 23 anos de vida com Aurora de Castro Melo a 15 de Outubro de 1952 na paróquia das Caldas de São Jorge. Ao longo da sua vida, José da Silva foi o rosto mais icónico da EMCSJ pela longevidade da sua presidência e pela sua disponibilidade total para acompanhar esta escola. Desengane-se, no entanto, quem pense que estava sozinho neste projecto.
Em 1980, José da Silva, juntamente com Fernando Valinho, tiveram o interesse em criar uma atividade cultural relacionada com música na freguesia das Caldas de São Jorge.
A ideia surgiu aparentemente da necessidade de a paróquia precisar de coralistas e instrumentistas com um mínimo de formação em música nos coros da paróquia. No entanto, por proposta de Fernando Valinho, optaram por juntar 3 outros membros ao projeto, formando assim a comissão inicial de criação da EMCSJ.
Fizeram então alguns contactos com pessoas ligadas à Tuna de Fiães no sentido de encontrarem um professor de música, obtendo como referência o nome do Prof. António de Sousa Pereira (por todos conhecido pela alcunha de Camilo, alcunha esta que deriva do seu padrinho se chamar Camilo). Não são conhecidos os contornos da proposta mas é um facto que esta foi aceite.
Nos seus primórdios, o Prof. Camilo dava lições de Solfejo na Escola do Arraial. Com algum esforço de propaganda e com a publicidade boca-a-boca dos participantes sobre o que de novo e de bom estava ali a nascer, começaram a aparecer muitos alunos.


Com a popularidade crescente da Escola de Música, os alunos começaram a ser cada vez mais, portanto, era necessário outro professor. Dentre vários candidatos, Maria Carmen Silva, filha do Prof. Camilo, era uma dotada professora de música que fora recomendada pelo pai. Foi então conovidada pela Direcção para também ingressar neste projecto.
Embora a escola de música tenha nascido a 06 de Dezembro de 1980, a primeira reunião de que há, de momento, registo escrito data de 28 de Abril de 1982 onde estiveram presentes Celeste Santos e Elísio Mota. Nesse dia, Fernando Valinho, Manuel Santos e Joaquim Inácio Conceição (Rasteira) estiveram ausentes da reunião por motivos alheios. Já Fátima Ribeiro e Américo Almeida também não compareceram por motivo de doença. Na reunião foram abordados os seguintes temas:
- Admissão de novos alunos;
- Analisar a hipótese de criar mais uma aula à noite por semana para ensaio geral;
- Estudar formas de angariação de dinheiro para suportar as despesas (de onde surgiu a hipótese de se fazer um peditório porta a porta)
- Nomear outro presidente que sucedesse a José da Silva
Como qualquer escola de música, precisavam de um piano, que à data desta reunião ainda não tinha sido adquirido. Ora, conforme estipulado na reunião deram uma volta pela freguesia a pedir auxilio para a compra de um piano angariando parte da importância para comprar um por 110.000$00, tendo sido necessário acrescentar outros 70.000$00 para efetuar a compra.
A primeira atuação pública da Escola de Música, que fora gabada na época com rasgados elogios, foi o casamento de Carlos Ferreira (conhecido por Barroca) e de Ana Maria (florista Botão de Rosa da Rua dos Namorados).
Uma das dificuldades que se seguiram foi o facto de não haver pontos de venda de instrumentos na região, sendo que era necessária uma deslocação a cidades como Espinho ou Porto para a aquisição de um instrumento. Ora, a maior parte da população desconhecia a localização desses pontos de venda mais distantes e precisava do aconselhamento do professor na escolha do instrumento mais adequado, assim como dos respectivos manuais. Surgiu então a necessidade da EMCSJ adquirir instrumentos para vender aos seus alunos. Um dos principais fornecedores foi a empresa Impormusica sediada na Rua 19 em Espinho, e que posteriormente abriu uma segunda loja na Av. Francisco Sá Carneiro, na Feira. A boa adesão dos alunos resultou no sucesso das vendas quer de instrumentos, quer de manuais de estudo.


A adesão da comunidade foi tal que foi necessário arranjar outro espaço para a realização das aulas de música. Ora, tendo em conta o nobre propósito da EMCSJ de formar coralistas e instrumentistas para a paróquia, José da Silva foi ao encontro do Rev. Pe. António Teixeira Machado pouco tempo depois da sua entrada como pároco da comunidade local, o qual não hesitou em dar o seu apoio e gentilmente cedeu uma das salas do Centro Paroquial para uso exclusivo da Escola de Música e do seu coro, sendo que as demais salas também poderiam ser usadas, desde que em horários não coincidentes com outras atividades da paróquia de modo a não causarem perturbações no funcionamento normal do Centro Paroquial.

No próximo vídeo vemos uma das primeiras atuações públicas da escola de música alguns anos depois do seu nascimento. Em destaque com a sua guitarra e um casaco amarelo, o Arq. Pedro Castro e Silva, atual presidente da EMCSJ, na altura, no papel de aluno. Mais atrás, de um outro ângulo, a professora Goreti Silva com o seu violino também como aluna, que surge também aqui na pré-visualização. Filmagens gentilmente cedidas pelo Rev. Pe. António Machado.
No seguinte vídeo podemos ver uma participação da Escola de Música das Caldas de São Jorge numa celebração de 1986, que parece tratar-se da comunhão solene. Na pré-visualização surge destacado o presidente da EMCSJ José da Silva, que aparece do minuto 01:57 ao minuto 02:06, durante a procissão de entrada na Igreja. Uns escassos segundos antes podemos ver também o Professor Camilo. Filmagens gentilmente cedidas pelo Rev. Pe. António Machado.
O Prof. Camilo e a Prof. Carmen foram quem durante os primeiros anos, assegurou a formação dos alunos. Alguns deles iniciaram os seus estudos ali e foram depois para Academia de Música de Espinho desenvolver os seus talentos. Com o crescimento da EMCSJ, e com a saída do Professor Camilo por motivos de saúde que levaram ao seu falecimento a 4 de Fevereiro de 1997, regressam á escola alguns dos seus antigos alunos, agora como professores. São eles: o Arq. Pedro Castro e Silva (professor de guitarra) Maria Goreti Castro e Silva (professora de violino e de Solfejo), e Isabel Rodrigues (professora de Acordeão), mantendo-se a Dona Carmen como Professora de Formação Musical (iniciação) e de Piano.
(ABAIXO FALTAM FOTOS DE 2 DOS PROFESSORES ACIMA INDICADOS)
Desde então, até agora, passaram pela escola de música muitos alunos chegando a atingir as 45 inscrições anualmente.
Apesar dos obstáculos, nunca teve presente na mente de José das Silva enquanto presidente, a opção encerrar a escola apesar da política de práticas de baixos preços não gerar lucros e de algumas dificuldades na captação de alunos provocadas pela modernização e desenvolvimento tecnológico da sociedade que vieram alterar a forma como as crianças preferem ocupar o seu tempo livre, assim como a forma como as actividades de ensino artístico são anunciadas e promovidas junto do público.
José da Silva faleceu com 79 anos de idade, no dia 20 de Outubro de 2008 e está sepultado no cemitério das Caldas de São Jorge no jazigo da família.
Sucedeu-se-lhe o seu filho Arq. Pedro Castro Silva na direção desta Escola de Música, que até à data se mantém em funções também como Professor de Guitarra.

Em Junho de 2009 a Dona Carmen decide abandonar a Escola de Música e é convidado para a substituir de Setembro em diante, o ex-aluno desta escola Xavier Coutinho, como professor de Piano, Órgão, Acórdeão e Formação Musical (que nos últimos 2 anos tinha reencaminhado vários dos seus alunos para a EMCSJ e que apresentaram bom rendimento) e Fátima Rodrigues (irmã da ex-professora Isabel Rodrigues) como professora de Acrodeão e Flauta. Com esta mudança, entre 2013 e 2020, inspirado pela dedicação ao projecto que José da Silva demonstrara e pela admiração que este lhe tinha enquanto aluno, Xavier Coutinho vem, ao longo do tempo, fazer um investimento pessoal a título de empréstimo na EMCSJ, permitindo melhorias significativas no ensino, entre as quais se destacam: novos programas e manuais (2010), novas mesas e cadeiras, uma impressora multifunções, projector, colunas de som, e um tablet (2017), e mais recentemente um órgão elctrico vintage que possibilitaria as aulas de órgão com pedaleira e 2 teclados sem que fosse necessário recorrer ao órgão da igreja (2020). Passaram a ser também disponibilizados teclados e aparelhagens portáteis completas para as audições e atuações em público (2013) e é criado o presente site para divulgação online da escola de música (2019), assim como é adicionada a sua localização no google maps (2020).
Obtiveram-se também melhorias significativas por parte do Rev. Pe. Machado com a cedência de Internet wireless para a dinamização das aulas, permitindo a projecção de recusos didáticos. Foi também substituído o chão de compósito de cortiça degradado por tijuleira nova e foram atualizadas melhorias ao nível da iluminação artificial e ligações elétricas (2019). Esta foi mais uma prova da sua atuação como benfeitor desta escola.


No vídeo seguinte, uma atuação de Joaquim Tavares, ao piano, e do seu filho Miguel Tavares no violino na primeira audição de ambos, a tocar Ave Maria de Franz Schubert cantado pela Professora Joana Bastos, em Março de 2011, no salão nobre do Centro Paroquial das Caldas de São Jorge, espaço cedido para atuações pelo pároco Rev. Pe. António Machado. Imagens gentilmente cedidas por Joaquim Tavares.
A própria EMCSJ, na pessoa do Arq. Pedro Castro e Silva, com vista a uma melhoria da qualidade do ar para os alunos e professores, optou por adquirir um novo quadro branco de marcadores e extinguiu o quadro de giz que até então era o utilizado (2020). Simultaneamente a Prof. Goreti Silva conseguiu também, através de uma doação, uma tela eléctricamente retrátil para a projecção de vídeo (2020).
Em 2018, Maria Francisca Ferreira, filha de Maria Goreti Silva, veio substituír Fátima Rodrigues como Professora de Trompa e Flauta. No ano seguinte, determina-se por unanimidade do Conselho Pedagógico, que a disciplna Flauta de Bisel é obrigatória para todos os alunos que frequentem a disciplina de educação musical no ensino regular de modo a atribuír maior grau de reconhecimento do bom desempenho dos alunos da EMCSJ na escola pública.

A Escola de Música, ao longo da sua história sempre se demonstrou resiliente e nunca encerrou a sua atividade apesar das dificuldades. No entanto, com o surgimento da Pandemia Covid-19, que atingiu Portugal em Março de 2020 e que levou ao decretar do fecho das escolas por motivos de saúde pública por parte do governo, viu-se obrigada a encerrar. Os alunos conseguiram, no entanto, concluir com aproveitamento o ano lectivo 2019/2020. Através das plataformas Microsoft Teams e Microsoft Forms foi possível manter as aulas de formação musical e a realização de elementos de avaliação remotamente. Quanto ás aulas de instrumento, inicialmente prestadas feitas online em direto com cada aluno, mas posteriormente o Conselho Pedagógico chegou á conclusão que era melhor os alunos fazerem uma gravação de vídeo da sua melhor execussão e enviarem ao professor que depois lhes daria o feedback necessário e as indicações adequadas para a melhoria do seu desempenho.
As aulas online terminaram em Julho e a escola não reabriu em Setembro seguinte porque a direção da escola, em conjunto com o conselho pedagógico, consideraram não estarem reunidas as condições necessárias para promover o distanciamento social dos alunos e evitar a partilha de objectos como forma de prevenção de contágio pelo novo coronavirus nas aulas presenciais, e não foram retomadas as aulas online por se chegar á conclusão, pela experiência anterior entre Março e Julho, que a prática de um instrumento requer a presença do professor para correções de postura e exemplificações de execução, sendo que a sua reabertura só ocorrerá quando o governo garantir que já não são necessários os cuidados de prevenção de contágio.
Em Setembro de 2020 entrou ao serviço da comunidade paroquial das Caldas de São Jorge o Padre José Carlos Ribeiro, que não teve oportunidade de testemunhar o funcionamento da Escola de Música enquanto instituição de ensino devido á pandemia da Covid-19 por esta estar temporariamente encerrada, no entanto deixava-nos uma mensagem de alento e esperança: "Havemos de ter oportunidade para nos conhecermos e partilharmos ideias e trabalhos, se Deus quiser. Contem comigo. Saúde e bom trabalho." (Pe. José Carlos Ribeiro).

A Escola de Música passou por anos difíceis durante e no pós covid mas está de momento a reinventar-se como escola de música adaptada ás novas tecnologias, como coro litúrgico, como grupo animador musical de eventos religiosos e de festas populares, como grupo animador musical de eventos de cariz social e como organizadora dos seus próprios eventos.
É em Outubro de 2024, agora com o apoio do Rev. Pe. António Jorge Oliveira, que a escola reabre no Pós-covid, com um novo grau de exigência e rigor da formação musical e técnica instrumental, destinado a um público mais exigente, com objetivos bem claros de aprendizagem, abrindo uma pareceria muito relevante de descontos para membros dos grupos corais das paróquias vizinhas.
É também neste ano que a EMCSJ opta pela contratação de novos professores para ir mais ao encontro das necessidades dos seus alunos.



